Chegamos agora aos 141 anos bem vividos. Somos sim uma cidade progressista. Caminhamos para nos tornamos um cidade universitária. O UNIFEMM é sem dúvida bom exemplo de capacidade técnica consolidada. Diversas outras faculdades aqui também seu destaque. A Universidade Federal de São João Del Rei já se faz presente. Nossa industria, cada vez mais diversificada, nos faz ser a 6ª maior cidade exportadora do estado. Somos uma das poucas cidades do mundo a ter o privilégio de contar com industria automobilística. Nossa infra-estrutura urbana é satisfatória e pouco fica a dever a outras cidades médias de Minas. De belezas naturais é até desnecessário dizer. Neste ponto fomos verdadeiramente abençoados.
Tudo isto é fruto do trabalho de construção de diversas gerações. De famílias tradicionais que aqui aportaram. Prefeitos e demais agentes políticos deram todos a sua valiosa contribuição. Tivemos e temos, para chegar até aqui o melhor: nosso povo. Dos nascidos aqui e dos que escolheram Sete Lagoas para morar, trabalhar, produzir e criar família. Sim, nós, setelagoanos, somos o melhor que a cidade tem.
Problemas existem como em todos os lugares, temos, no entanto, o que há de melhor para vencermos. Nós mesmos. Somos nós é que temos que nos valorizar, pleitear, buscar, fazer e exigir. Cabe agora, neste momento de festa, identificar a cidade que temos, a cidade que queremos e principalmente a cidade que precisamos.
Algumas mudanças devem ser buscadas. Vamos começar por mentalidade. Nos últimos anos nos acomodamos. Enquanto vemos nesta semana, Montes Claros, por exemplo, recebendo a visita do Vice-Presidente do Banco Mundial, acompanhado de duas Secretárias de Estado, levando para lá verbas e programas, nos contentamos com visitas esporádicas, pouco produtivas e quase sempre eleitorais a nossa cidade. Já fomos a “capital das oposições” e até por isto éramos parada constante de Governador. Secretários de Estado daqui não saiam e sempre que vinham, vinham acompanhados do atendimento a reivindicações da cidade. Ocupávamos cargos de primeiro escalão nos mais diversos governos que passaram e estes eram exercidos em benefício da cidade. É preciso voltar a ter força política estadual e nacional. Temos que voltar a pensar grande.
Fortalecer a cidade politicamente é passo importante, mas não o principal. Temos que agregar valor ao trabalho dos setelagoanos. Primeiro na indústria. Tem que ser cada vez mais diversificada e cada vez menos dependente do ferro gusa e demais industrias de base, buscando sempre maior qualificação e produção de produtos de consumo final, portanto de maior valor agregado e salários e capacidade profissional maior. Fomentar o comércio para evitar a evasão de nossas riquezas para compras em Belo Horizonte. Buscar, como Nova Lima, incrementar a prestação de serviços, com a sede aqui de empresas e institutos. Isto também é trazer ganhos ao nosso trabalhador. Por fim, avançarmos até a pesquisa. Aproveitar a experiência e o potencial da nossa EMBRAPA. Seguir o exemplo da IVECO que implantou entre nós o seu Centro de Desenvolvimento do Produto. A hora é agora. A Fiat anunciou nesta semana que vai trazer da Itália para Minas o seu Centro de Desenvolvimento. Temos que oferecer condições para que o mesmo vehna para cá ao invés de Betim. Lutar por isto.
Campinas cresceu exatamente por isto. Pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Podemos e devemos ser a Campinas de Minas. Aqui vem outro importante desafio. Campinas é forte porque lidera uma região forte. Se já não vamos mais ser uma cidade dormitório da grande BH como Neves, é preciso impedir que as cidades da nossa região o sejam. É preciso abrir os horizontes. Já passou do momento de liderarmos e induzir o desenvolvimento também da região. Criar nelas condições de arrecadação e por conseqüência que assumam sua responsabilidade na prestação de serviços públicos, notadamente na saúde. Ao mesmo tempo proporcionar a elas, as cidades da região, uma nova classe consumidora que aqui virá, com melhores condições, consumir nossos serviços e em nosso comércio. Ser cidade pólo é isto, não somente arcar com as deficiências estruturais do entorno.
Encarar desafios como o déficit habitacional e também a melhoria das condições de moradia de grande parte de nosso povo. Estruturar o transporte e nossas vias para o esperado crescimento populacional que vamos viver. Proporcionar uma política pública de saúde que seja eficiente e permanente. Promover a segurança, entendendo que este desafio começa hoje com a formação de uma nova geração de setelagoanos, sem esquecer de que temos que cuidar da geração que já está aqui.
Enfim, reconhecer que os desafios são muitos e que cabe a nós vencê-los. Chegamos até aqui. Já construímos e mantemos uma bela cidade. Provamos que podemos. Agora é arregaçar as mangas para fazermos cada vez melhor.
Emílio de Vascocelos Costa