Voltemos um pouco ao passado. A um passado politicamente virtuoso de nossa cidade. Década de 60, Afrânio Avelar era o Prefeito, Wilson Tanure nosso Deputado Estadual, Renato Azeredo nosso Federal. João Herculino, nosso combativo Deputado Federal havia sido injustamente cassado pela Revolução de 64.
Década de 70, Sérgio Emílio Prefeito, Wilson Tanure Estadual e Renato Azeredo Federal; depois Sérgio Emílio Deputado Estadual, Afrânio novamente Prefeito, Renato continua Federal. Anos 80, Marcelo Cecé era o Prefeito, Sérgio Emílio e Renato Azeredo continuavam a dobradinha Estadual e Federal. Nesta época tivemos ainda mais: João Herculino voltava com o voto e resgate do povo à Câmara Federal. Sim, tínhamos dois Deputados Federais, Renato e João. Início dos anos 90, Sérgio Emílio novamente Prefeito, agora Marcelo Cecé era o Deputado Estadual. Fim do ciclo.
Eram bons tempos para nossa cidade. O Prefeito assumia sua responsabilidade para com a cidade e apresentava claramente seus candidatos. Colocava sua administração em julgamento popular através do resultado de seus candidatos. Não havia medo. Havia sim responsabilidade. Era o círculo virtuoso. O Prefeito tinha Deputados, que por sua vez indicavam seu candidato a Prefeito, claramente, colocando seu prestígio em jogo. Sem medo. Com responsabilidade. Um Prefeito com Deputados fortes era um Prefeito forte. Os Deputados com um Prefeito forte eram Deputados fortes. A cidade com lideranças fortes era uma cidade forte politicamente. Politicamente forte era forte economicamente. A cidade forte fazia suas lideranças fortes. Estas faziam uma cidade forte. Era o círculo virtuoso.
Era a Sete Lagoas forte e poderosa. Ouvida em todos os níveis de governo. Detentora de cargos, posições e de verbas. Tínhamos as portas abertas e nelas entravamos com força. Com a força de nossos fortes representantes. Com a força que lhes era dada pelo nosso povo.
De lá pra cá foi implantada a política do reinar sozinho. Infelizmente ela permanece, com acentuados prejuízos para Sete Lagoas e nossa gente.
2006. Eleições. Mais uma vez falta liderança. Permite-se que 10 candidatos da terra se apresentem. Pretensos líderes ainda apóiam outros de fora. O Prefeito, condutor natural do processo se omite. Só de sua base de apoio na Câmara Municipal saem três candidatos. Todos ficam inviáveis. Faltou empenho, responsabilidade. Faltou visão. Faltou desprendimento em colocar os interesses de Sete Lagoas acima dos interesses das pessoas e do grupo mandante.
Analisemos somente nossos suplentes:
Dr. Ronaldo João, Deputado com mandato. Realizou bom trabalho parlamentar. Jamais se vinculou. Saiu sozinho, sem apoio de grupo. Nem da situação nem da oposição. Faltaram-lhe 13.545 votos para alcançar a eleição.
Duílio de Castro. Da base de sustentação de Leone Maciel na Câmara Municipal. Contou com seu apoio. Apoio velado, apoio dissimulado. Apoio de quem prefere continuar reinando sozinho. Por isto mesmo um “reino” pequeno, um “reino” fraco. Faltaram-lhe 2.453 votos para ser eleito. Praticamente os mesmos votos alcançados pelo “de fora” Jairo Lessa. Ora, até as árvores recém mutiladas da Av. José Sérvulo Soalheiro sabem que um apoio efetivo do paço municipal lhe daria estes votos. Não se elegeu porque o “chefe” não quis, ou na melhor das hipóteses não fez por onde.
Resultado: Desde então não temos as três vagas unidas (Estadual, Federal e Prefeito), se fortalecendo e com isso fortalecendo a cidade. Quando as temos, os temos de forma e atuação isolada. As lideranças não se comprometem. Como se diz no futebol, não chamam o jogo para si. Este é o papel do líder. Quando não o faz, perde o time. Sofre a torcida.
É o círculo vicioso. O Prefeito sozinho, encastelado em sua cadeira do terceiro andar da Pç Barão do Rio Branco. Não assumiu sua condição de líder. Não chamou o jogo para si. O time perdeu o jogo. Cada um dos jogadores a começar do líder segue sua vida. A torcida é que sofre. No nosso caso é pior. Sete Lagoas perdeu mais uma vez. E quem sofre as conseqüências somos nos da torcida, o povo. Que tenha sido pela ultima vez. Sete Lagoas saberá agradecer.
Emílio de Vasconcelos Costa
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