Compareci na audiência pública da questão SAAE x COPASA onde, mantendo minha coerência, me manifestei claramente pela manutenção e recuperação do nosso SAAE. Lá o debate foi bom, com cada lado dando as suas razões e tentando convencer os demais. No entanto, mais do que o que foi dito, o importante foi aquilo que tristemente foi percebido e sentido. Perdemos nossa alta-estima. Nosso orgulho próprio, de cidadãos que se orgulhavam de nossa cidade e mais do que isto, nós acreditávamos nela e em nossa capacidade.
Vi lá, na audiência, e infelizmente não é a primeira vez, pois já esta ficando recorrente, o triste sentimento de incapacidade e de entrega. Nas entrelinhas, o que vi lá se resume a: não temos mais capacidade de cuidar do que é nosso, no caso nossa água, é melhor entregar a quem tem capacidade, no caso a COPASA.
Ora, a curtos 15 anos atrás, éramos orgulhosos em termos os maiores índices de cobertura e atendimento de água tratada e coleta de esgotos do estado. Índices maiores do que os de qualquer cidade administrada pela COPASA. Tais índices e atendimentos foram alcançados e construídos por nós, setelagoanos. Éramos capazes e demonstrávamos isto.
De lá pra cá, o SAAE veio sendo sucateado, assim como nossa cidade nos mais diversos setores públicos. Junto com ele se sucateou nossa alta-estima.
Foi dito lá, ainda na audiência pública, que o SAAE sofre interferência política, que perdeu sua autonomia. Pois eu digo e afirmo, É MAIS FACIL E RÁPIDO TROCARMOS O PREFEITO, pois são somente 4 anos, do que trocarmos a concessionária COPASA, cuja concessão será dada por trinta longos anos, prorrogáveis por mais 30, e caso não fique bem claro que os investimentos realizados se incorporarão ao patrimônio do município sem direito a ressarcimento, a concessão passa a ser eterna.
O mais triste e constatar que tal sentimento não se resume somente ao SAAE. Sempre que saímos de Sete Lagoas e nos apresentamos como setelagoanos, ouvimos sempre críticas sobre nossa situação política e administrativa. Não temos mais políticas públicas, em quaisquer setores. Nada de política de saúde. Nenhuma política habitacional. Na educação, se resumem a prometer faculdades públicas e construir escolas onde há demanda por vagas. É pouco. Não temos política pública de segurança. Nada de esportes. Nada de cultura. Turismo nem pensar. Não temos planejamento, não conseguimos sequer acompanhar as mudanças que acontecem a nossa volta. Tudo se resume á eventos e ações localizadas. Nos transportes, chegamos ao cúmulo de passar anos sem sequer instalarmos novos pontos de ônibus cobertos. Terminal Central de Ônibus Urbanos foi planejado a também 15 anos. Hoje não pode sequer ser discutido pois contraria interesses. Enquanto isto o povo fica a viver na mesmice.
Chega! É preciso mudar. Rever conceitos. Acompanhar o novo. Fazer o novo. Recuperar o que tivemos de melhor no passado. Nosso orgulho de cidadão. Nossa alta-estima como cidade de vanguarda. Se nosso governo não acompanha os novos tempos e o crescimento da cidade, mudemos o governo. Mudemos as praticas políticas. Não vamos desistir e entregar o que é nosso. Nosso patrimônio, resultado de nosso trabalho. Nossa esperança. Nossa comprovada capacidade. Nossa alta-estima.
Emílio de Vasconcelos Costa
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