Primeiramente faço um convite: Convido àqueles que transitam pelas ruas e avenidas de nossa cidade e sofrem com os buracos. Todos. Os que transitam em seus automóveis, os que transitam de motocicletas, os que utilizam o transporte coletivo e até mesmo os ciclistas e pedestres que sofrem com as águas lançadas sobre eles. O convite é que façam uma visita a Avenida Divino Padrão sobre o córrego do Boqueirão. Apontem lá um buraco sequer. Sintam o conforto e a segurança de um piso bem feito. Vão durante uma chuva, pode ser das mais torrenciais. Verão que lá não há grandes enxurradas e acumulo de água.
Agora faço uma pergunta: O que diferencia a Avenida do Boqueirão e outras poucas das demais avenidas e ruas da cidade cheias de buracos e poças d’água?
Respondo: Projeto, execução e fiscalização. Resumindo: Fazer bem feito.
A Avenida Boqueirão e todo o seu conjunto, inclusive seu piso asfáltico já tem 15 anos e estão em perfeitas condições de uso. Isto mesmo: foram executados em 1992.
Eu, como Secretário Municipal de Obras naquela ocasião, fui o responsável pela definição e contratação do projeto de engenharia, pela execução das obras e pela contratação da fiscalização e acompanhamento.
O projeto que foi desde o berço das redes de drenagem e água e esgotos, passando pelo sub-leito, leito, sub-base e base, até o piso de asfalto e o acabamento dos meio-fios, sarjetas e bocas de lobo foi bem feito e especificado. A execução contou com empresa idônea, vencedora de licitação pública. O mais importante, as obras tiveram acompanhamento, medições e fiscalização feitos por empresa especializada devidamente contratada para este fim.
Ficou mais caro na época? Ficou. Porem este mais caro já foi pago diversas vezes. Foi pago com a economia em manutenção e correção posteriores que economizou recursos ainda maiores da prefeitura. Foi pago, sobretudo em conforto e segurança para os donos da obra, os usuários, o povo.
Faço outros convites. Convido-os a irem na Avenida Norte Sul, pronta a mais de 8 anos. O piso esta em boas condições de uso apesar das chuvas. Lá também teve projeto e fiscalização na execução.
Convido-os a irem na Avenida Sérvulo Soalheiro, ao lado do aeroporto municipal, esta com 16 anos de uso. Convido-os a irem no trecho da Avenida Perimetral entre o Interlagos e o Bairro Nova Cidade, trecho com 15 anos de uso. Ambas também foram de minha iniciativa e responsabilidade como Secretário Municipal de Obras. Não tiveram projeto específico nem fiscalização contratada. Foram executadas por empresa privada com acompanhamento de equipe da prefeitura. Os buracos estão surgindo lá agora, 15 anos depois. Neste período a manutenção foi falha, mas o piso ainda está em bom estado. Se conservação não for executada em mais um ano os problemas se agravarão. A diferença? Foram bem feitas. Com honestidade e seriedade.
No outro extremo temos a Rua Cachoeira da Prata como exemplo de várias outras. Obras executadas a poucos meses já acabaram. Ficaram os transtornos, os prejuízos, o desconforto e a insegurança.
Dito isto, faço o ultimo e mais importante convite. Convido-os a reflexão.
À reflexão de que chuvas não são causadoras de buracos e suas conseqüências. Chove todo ano e em todos os lugares. Alguns resistem por 15, 16 ou mais anos de chuvas. Outros não resistem a uma chuva sequer. Enxurradas de dinheiro público são desperdiçadas no conserto do que foi mal feito, mal planejado, mal executado.
Convido-os, portanto, a uma reflexão que nos aumente o nosso senso crítico, que nos façamos mais exigentes e nos dê a visão de que assim não pode continuar. Que planejar é necessário. Que o certo é possível. É assim em outras cidades. Já foi assim em nossa querida porem castigada Sete Lagoas.
Emílio de Vasconcelos Costa
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