Cidade de muita conversa e pouco diálogo, Sete Lagoas precisa mudar. Se transformar em cidade plural. Plural nas idéias e no pensamento. O que temos visto e lido ultimamente é a publicação e veiculação maciça de “notícias” na grande maioria de nossos meios de comunicação enaltecendo os feitos da atual administração e defendendo veementemente os interesses e o ponto de vista dela e somente o dela. Qualquer outra idéia ou pensamento apresentado é tiro na asa, como se diz no popular. Em uma verdadeira inversão de valores, editoriais e artigos de nossa imprensa, juntamente com entrevistas dos poderosos de plantão, procuram desqualificar aqueles que apresentam idéias ou posicionamentos divergentes. A acusação mais comum é a de oportunismo político.
Ora, a imprensa deveria sim era estimular o debate, a apresentação e o pluralismo de idéias. Mais do que isto, ao invés de procurar desqualificar quem as apresenta, deveria era cobrar posicionamento de nossos líderes e de todos aqueles que tem ingerência ou querem vir a tê-la na cidade. As autoridades mais ainda. Ouvir, debater, deixar fluir. A cidade ganharia, seus governantes por tabela também.
O caso atual da questão SAAE x COPASA é exemplo claro do que estou afirmando. Todos aqueles que como eu se apresentaram favoravelmente à manutenção do nosso SAAE e tentaram participar do debate sobre a questão, foram acusados de quererem aproveitar do tema para aparecer e tirar dividendos políticos. Ao contrário, aqueles que se omitiram foram preservados. Aqui se ataca quem tem posição e se preserva quem se omite. A não ser é claro, se a posição for favorável aos interesses da administração.
Apresentei claramente, ainda que de forma resumida, diagnóstico de viabilidade do SAAE e plano para sua recuperação. Fui o único que fez isto. Minha proposta teria que ser no mínimo discutida, ainda que fosse para ser vencida. Seria assim em cidades plurais. Aqui não. Não se pode discutir idéias pois corre-se o risco de valorizar quem as apresentou. Aqui se dá mais valor a quem apresenta a idéia do que à própria idéia. Está errado. Não podemos perder oportunidades em razão de quem as apresenta.
Temos ainda o desvirtuamento daquilo que é importante. Só como triste exemplo, investimento de R$ 15.000,00 da prefeitura na Lagoa Paulino dá primeira página nos jornais “oficiais”. Investimento de R$ 18.000.000,00 (1.200 vezes maior) da IVECO na ampliação de sua fábrica de motores não é sequer noticiado, ou se o é, sai em notinhas internas. Nada daquilo que não venha deles ou os interesse tem importância. Enaltece-se o pequeno, o sem importância. Depois reclamam quando escrevo que pensam pequeno. Que agem pequeno.
Os exemplos – bons – estão ai diariamente para vermos. A imprensa nacional, hoje livre crítica mais do que noticia realizações. Fomenta o debate. Discute soluções. Cobra posicionamentos claros e definidos. É profissional.
Antes acusávamos nossos políticos locais de “ficarem em cima do muro” nas questões polêmicas. Hoje é preferível (para eles é claro) se omitir e ficar em cima do muro, do que divergir e ter opinião própria, se contrária. Pelo menos se é preservado. Não se corre o risco de desagradarem alguém. Prefiro ser autêntico, ainda que desagrade a alguns.
É preciso cair na real. Basta sair nas ruas e conversar com o povo para vermos que a cidade real é diferente da enaltecida nos meios “oficias” de comunicação. Se não acontecer agora, o povo em sua sabedoria vai fazê-lo. Para os ufanistas e para os omissos. O povo vai transformar com sua manifestação, esta cidade de uma nota só, em uma cidade real. Com coisas boas e más. Com erros e com acertos. Uma cidade plural. Uma cidade do diálogo.
Emílio de Vasconcelos Costa
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